Cultura participativa: de olho nela

A revista Época Negócios de novembro traz uma entrevista com Henry Jenkins, diretor do Programa de Estudos de Mídia Comparada do Massachusetts Institute of Technology (MIT) sobre o impacto de as pessoas veicularem seus próprios conteúdos. Para Jenkins, a mídia tradicional não acabará, mas precisa se dar conta da cultura participativa que já se disseminou.

Isto significa que as TVs, rádios, jornais, revistas continuarão existindo, mas precisam se adequar, reinventar-se para atender as necessidades e desejos dos consumidores de informação. "A história mostra que pouquíssimas foram as mídias que morreram. Os mecanismos de transmissão vão e vêm, mas a mídia sobrevive", disse Jenkins à revista Época.

A cultura participativa disseminada pela internet tem impacto na indústria da pirataria, defende o estudioso. Ele explica que o interesse do consumidor pelas novidades faz com que ele não espere a ação da indústria para ter o produto. "Eu quero assistí-lo (o programa estrangeiro) agora para poder participar da discussão internacional. E, como é possível ter acesso a esse programa de maneira ilegal, ninguém vai esperar que ele passe a ser oferecido legalmente", acredita o estudioso.

A matéria da Época Negócios traz outras declarações de Jenkins que ainda serão tema de discussão por muito tempo entre nós. Cito algumas:

"Os jovens trocam a TV por outras mídias num ritmo cada vez mais acelerado. Mas isso não quer dizer que ignoram seu conteúdo. A série americana Gossip Girl é um exemplo. Apesar da baixa audiência, dita os rumos da moda feita para adolescentes."

"Blogs constroem comunidades em torno de interesses compartilhados. Redes sociais surgem em torno de personalidades e estabelecem pontes entre várias comunidades de interesse. Blogs tendem a nos dividir. Redes sociais, a nos unir."

"Não está claro por quanto tempo mais os blogs irão se sustentar à base de trabalho voluntário. A busca por modelos de negócios que promovam a participação contínua é uma questão-chave, à medida que caminhamos para a nova fase da web 2.0."


Para os interessados: Henry Jenkins lançou o livro Cultura da Convergência e aborda nele estas discussões.