sexta-feira, 19 de junho de 2009

O direito de cada um à liberdade de expressão e o nosso direito de defender o Jornalismo

Mataram nosso diploma de Jornalismo e muitos festejaram o seu enterro, juntamente com o Supremo Tribunal Federal. Com esta decisão, todas aquelas pessoas que investiram na faculdade de Jornalismo perderam a segurança de exercer uma profissão regulamentada, com direitos adquiridos. Sem falar nas faculdades que investiram e investem em infra-estrutura e agora correm o risco de não ter mais viabilidade.

Falando assim, parece que toda esta questão em torno do diploma de jornalista é corporativista, diz respeito apenas a quem está na profissão. Não é. A decisão desta semana do Supremo Tribunal Federal afeta a nós, jornalistas, e a cada pessoa da sociedade. Afirmar que esta profissão não tem impacto coletivo é, no mínimo, um ato de ignorância. Reputações podem ser construídas e destruídas com algumas linhas em um jornal. Negócios são viabilizados ou destruídos com uma reportagem de TV. O problema é que as pessoas só se dão conta do impacto disto quando elas mesmas são o foco da notícia. Aí, vem a pergunta que ouvimos rotineiramente: mas esse cara que escreveu a matéria não é jornalista, né? Parece que cada um só percebe a responsabilidade que cerca elaborar uma reportagem no momento em que é afetada por ela. Imaginem isto em escala maior...

De todos os comentários que li e ouvi sobre esta decisão do Supremo Tribunal Federal, um me deixou ainda mais reflexiva. Era de um jovem que já trabalhou em rádio e que defendia a tese de que para ser jornalista não era necessário diploma. E para sustentar sua opinião, citava profissionais que atuam em “jornalismo” sem ter feito curso superior. Ele citou, entre outros, Angélica, Silvio Santos, Hebe Camargo, Amaury Júnior. Este rapaz, aspirante a profissional de imprensa, não sabe a diferença entre ser um apresentador de rádio e de TV e ser um jornalista, o que cabe a cada um destes profissionais. E, assim como ele, vários jornalistas entraram na faculdade acreditando que bastava falar ou escrever bonito para ser um profissional da área. Mas, durante quatro anos foram obrigados a ouvir sobre ética, responsabilidade, verdade, ouvir os dois lados, respeito às diferenças, combate às desigualdades; que na imprensa forte ou fraco deverão ter o mesmo espaço, rico ou pobre serão notícia se assim merecerem. E aprenderam a ser jornalistas. Alguns, por opção, foram apresentar programas de TV, mas sabendo exatamente o que envolve esta profissão e a responsabilidade que devemos ter ao exercê-la.

Durante a faculdade, aprendemos também a trabalhar com isenção, deixando nossa opinião de fora de nossas reportagens. Poderemos manifestá-la em artigos, como este, como qualquer outro cidadão, respeitando o direito de cada um à liberdade de expressão.

3 comentários:

  1. Excelente, Andressa! É justamente esta a maior preocupação: os reflexos da não obrigatoriedade do diploma na sociedade.
    Que muitas empresas vão optar por baratear o custo com mão de obra sem formação e os salários - já baixos - vão despencar, aí já é outra história que cabe a nós jornalistas. Mas, o que a sociedade precisa entender é que muito vai se perder com esta decisão!

    ResponderExcluir
  2. Para o STF, jornalismo é o Pablo (Qual é a música) comentando sobre aborto no SuperPop. Falar de liberdade de expressão é, de certo modo, confundir colunismo com jornalismo, é achar que só existe jornalismo opinativo, que é apenas a minoria.

    Se eles acham que não é científica a nossa profissão, deveriam receber livros de Teoria do Jornalismo e de Teoria da Comunicação para entenderem o que não enxergam ou que não querem enxergar, seja por ignorância ou por lobby de alguma parte interessada.

    ResponderExcluir
  3. Recebi com perplexidade a noticia. Parece inpossivel que o STF tome uma decisao como essa sem pensar na importancia e na responsabilidade e no poder que tem os meios de comunicaçao. Nao apenas como transmetidor de noticias e informaçao,mas como formador de opiniao. Justamente por isso o profissional de comunicaçao deve ser muito bem preparado e isso so pode acontecer na universidade. Essa decisao è realmente vergonhosa, principalmente para quem investiu tempo e dinheiro numa faculdade. E justamente depois de tanto lutarmos por uma universidade de qualidade e parece que finalmente as coisas estavam mudando neste sentido. E triste ver que infelizmente o Brasil esta caminhando para tràs ao invès de olhar para o futuro.

    ResponderExcluir